A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a
condenação de Jair Bolsonaro foi recebida por lideranças do PL em Goiás como mais uma
etapa de um processo já anunciado: o da tentativa de eliminação política do ex-presidente por
meio do Judiciário, além de reforço a narrativa de perseguição por parte do capitão.
O deputado federal Gustavo Gayer, presidente do diretório municipal do partido em Goiânia, e
o vereador Oseias Varão, secretário-geral do mesmo diretório, apontam para uma “ditadura
togada”, acusam a PGR de atuar com dois pesos e duas medidas e enxergam nas denúncias um
combustível adicional para manter a militância mobilizada em 2026.
“Nosso partido segue firme e fortalecido, pois sabemos que esse pedido da PGR não é algo
inesperado. Tudo faz parte do teatro. Quando o enredo é superficial e não tem fundamento, a
gente já sabe qual será o capítulo final”, afirmou Gayer, ao ser questionado pela coluna sobre
os impactos da denúncia nos planos do partido em Goiânia e no estado.
O parlamentar cita, como exemplo da seletividade que atribui ao Ministério Público, o
arquivamento de pedidos de investigação sobre o que chama de “o maior esquema de
corrupção contra aposentados na história do país”.
Gayer ainda citou levantamento da AtlasIntel, divulgado neste mês em parceria com a
Bloomberg, segundo o qual 76,2% dos brasileiros acreditam que o país vive uma crise
democrática. Para 42,8% dos entrevistados, o principal fator dessa crise é o próprio Judiciário.
“A tentativa de deslegitimar lideranças conservadoras tem tido o efeito oposto. A direita segue
cada vez mais fortalecida e respaldada pela opinião pública. Estamos com Bolsonaro até
depois do fim.”
“Condenação e prisão de Bolsonaro já estão definidas”, diz vereador
Secretário-geral do diretório municipal do PL em Goiânia, o vereador Oséias Varão não
economizou nas palavras ao criticar a denúncia e o avanço do processo no STF. “A condenação
e prisão do Bolsonaro já estão definidas desde o começo das ‘investigações’. Mauro Cid, que
foi torturado para ‘delatar’, disse que eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam
saber a verdade. Queriam que ele confirmasse a narrativa deles.”
Para o parlamentar, o país vive sob uma ditadura que “ignora sistematicamente a Constituição
Federal e as leis”. Ele também ironizou a tese da tentativa de golpe.
“Vão condenar por tentativa de golpe um homem que transferiu o comando das Forças
Armadas para o sucessor antes de deixar o poder, sem ter a obrigação de fazê-lo, e que deixou
a presidência e viajou para o exterior. Isso é surreal.”
Oseias acredita que a militância vai reagir com ainda mais força. “A militância bolsonarista
ficará ainda mais vibrante e determinada a lutar pelo fim dessa ditadura. Nesse contexto, a
ditadura está, em certo sentido, trabalhando a favor do bolsonarismo.” Ele encerra prevendo
reação eleitoral em 2026. “Some-se a isso a gestão corrupta e incompetente do Lula, e o
resultado será uma reação gigantesca nas próximas eleições.”
Alegações
Nas alegações finais da ação sobre a trama golpista, a Procuradoria-Geral da República
defendeu, nesta segunda-feira, 14, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma
série de crimes que, se somadas as penas, podem alcançar até cerca de 43 anos de reclusão.
De acordo com a PGR, Bolsonaro implementou um plano progressivo e sistemático de ataque
às instituições democráticas, com o objetivo de prejudicar a alternância legítima de poder nas
eleições de 2022.