Manutenção da Selic em 13,75% é alvo de críticas da Confederação da Indústria

Para CNI, Selic alta provoca desaceleração da economia e queda da produção/Foto: José Paulo Lacerda-CNI

Pela sétima vez consecutiva, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A medida  foi anunciada após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (21).

A manutenção da Selic contraria expectativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de setores produtivos do país, que apelam pela queda dos juros. Através de comunicado divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a entidade considerou “equivocada” a decisão do Copom, pois, segundo ela, há mais de um ano a Selic está em patamar alto o suficiente para contrair a atividade econômica e, assim, controlar a inflação.

De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, as expectativas de inflação têm sido sucessivamente revisadas para baixo, conforme indica o Relatório Focus, do Banco Central. Para 2023, a inflação esperada caiu para 5,1%; enquanto para 2024, caiu para 4,0%. Além disso, a apreciação da taxa de câmbio nos últimos meses representa mais um elemento favorável ao cenário de controle da inflação.

“A manutenção da Selic em 13,75% ao ano, com as expectativas de inflação para os próximos 12 meses em queda, representa menos dinheiro em circulação e um pé no freio na atividade econômica, que no jargão econômico é chamado de intensificação do caráter contracionista da política monetária”, afirmou Robson Braga de Andrade.

A CNI calcula que, entre a reunião de 2 e 3 de maio e a reunião desta quarta-feira (21 de junho) a taxa de juros real (que desconsidera os efeitos da inflação esperada) subiu de 8,1% ao ano para 9,2% ao ano. Com isso, a taxa de juros real está 5,2 pontos percentuais acima da taxa de juros real neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria, a Selic alta foi um dos principais fatores de desaceleração da atividade econômica no final de 2022 e continua comprometendo significativamente a atividade em 2023.

“A produção industrial caiu em três dos quatro primeiros meses deste ano. Na comparação de abril de 2023 com abril de 2022, nota-se queda de 2,7% na produção industrial. Situação também adversa ocorre com o volume de serviços, que, em abril, ficou 2,9% abaixo do nível de dezembro de 2022 – na série livre de efeitos sazonais”, afirma o comunicado, acrescentando que os prejuízos da Selic alta também são percebidos no mercado de crédito, pois a concessão de crédito às empresas caiu 8,6% em termos reais na comparação dos primeiros quatro meses de 2023 com os últimos quatro meses de 2022.

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