Brasília recebe a sua 5ª edição da Bienal Internacional do Livro

O evento teve início na última sexta (21) e conta com 100 expositores e diversas atrações até o dia 30 de outubro. Após dois anos sem acontecer em virtude da pandemia do Covid-19, a Bienal do Livro de Brasília comemora sua edição de 10 anos com o tema “A transformação acontece aqui”. O evento está localizado no pavilhão de exposições do parque da cidade com uma programação para todos os públicos dividida em 6 eixos: autores, mercado, música, HQs, crianças e multimeios. 

A BILB funciona das 9h às 22h de segunda a sexta e de 10h às 22h nos finais de semana com uma ampla área de visitação, praça gastronômica e seminários sobre educação e serviço social. Os ingressos para visitação podem ser retirados no site oficial da Bienal. O primeiro lote de cada dia é gratuito, após o término dos ingressos promocionais a entrada pode ser comprada por R$10,00 a meia social (doação de 1kg de alimento) e R$20,00 a inteira. O evento também oferece a meia-entrada prevista em lei e entrada gratuita para crianças de até 12 anos e professores que apresentarem documento de comprovação. 

Democratização da cultura 

A Bilb tem entre os seus objetivos a democratização do livro e seu amplo uso como meio de difusão da cultura e transmissão do conhecimento, o estímulo à produção de autores brasilienses e o hábito da leitura, em especial dos jovens. Com base nisso, a organização do evento selecionou 18 escritores da periferia do Distrito Federal para lançarem obras inéditas nesta edição da Bienal do Livro. A diretora-geral da Bilb, Suzzy Souza, diz que a ideia é garantir visibilidade a autores do DF que não conseguiram lançar seus livros por causa do distanciamento imposto como medida de combate ao coronavírus. 

Os lançamentos são realizados no espaço do Café Literário, intermediados pela drag queen Larissa Hollywood. Durante o tempo de cada autor eles têm a oportunidade de explicar mais sobre a sua obra, ler trechos de seus livros, tirar fotos e autografar exemplares. Além da visibilidade de lançar um livro no maior evento literário de Brasília, os escritores têm a oportunidade de interagir diretamente com seu público.

Zenilda Vilarins, autora de Preta de Greve e as sete reivindicações

Entre os autores selecionados está a professora Zenilda Vilarins, autora da sequência Preta de Greve, contando a história da menina Pérola Preta que durante a sua vida vai descobrindo quão cruel o mundo pode ser com mulheres e pessoas negras. A autora afirma que uma de suas inspirações para escrever foi não encontrar durante a sua vida livros voltados para pautas raciais que não romantizassem a luta contra o racismo. “Eu sofri episódios de racismo que me angustiavam e eu sabia que as minhas alunas e alunos também passavam pela mesma questão, mas não existia uma literatura que contemplasse isso. A gente encontrava literaturas falando sobre racismo, falando sobre a mulher, mas tudo muito dentro de um conto de fadas, dentro de uma fantasia que não contemplava a realidade.” 

A autora menciona que sempre gostou de escrever por incentivo dos seus pais e o ponto de partida da Preta de Greve foi um projeto de empoderamento feminino feito pela Escola Classe 22 do Gama em 2019. Após o incentivo das colegas de trabalho, Zenilda começou um texto que contava um pouco da sua vivência e de episódios relatados por outras pessoas pretas do seu convívio. “Criei o texto, que ainda não era um livro, e trabalhei com as crianças de seis anos. Houve uma compreensão e atenção muito grande, e eu consegui arrebanhar esses pequenos, foi aí que veio a ideia de transformar em livro, precisávamos levar isso para fora.”

Pérola Preta – Fotos: Ana Freitas

Zenilda nem imaginava ser selecionada para o lançamento na 5ª edição da Bilb e afirma que essa oportunidade deu a ela esperança de ver cada vez mais pessoas como ela ocupando lugares importantes na sociedade. Preta de Greve e as sete reivindicações é um livro infantil sobre luta racial, autoestima e força feminina. A partir das suas histórias a escritora conta a luta de Pérola Preta, mostrando a realidade de várias crianças negras Brasil afora. “Quis escrever o livro que não encontrei durante a infância e a adolescência. Não que os contos de fadas não sejam importantes, a gente precisa sonhar, mas precisamos também reivindicar”, concluiu a professora.

Para mais informações sobre lançamentos, convidados e demais atrações, confira o site e as redes sociais da Bienal Internacional do Livro de Brasília: 

@bienaldolivrobsb   https://bilb.com.br/ 

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